O que lhe propomos com este texto é um convite. Um convite a abrandar o passo e a percorrer, com tempo e atenção, antigos caminhos que guardam marcas profundas da vida rural. Trata-se de um itinerário imersivo, com cerca de três horas de duração, realizado em passo lento, à descoberta de ruínas, detalhes arquitetónicos e fragmentos de memória que ajudam a compreender uma história feita de trabalho árduo, adaptação e engenho.

O milho, outrora elemento central da alimentação e da economia local, surge como fio condutor desta narrativa, recordando práticas agrícolas ancestrais e ciclos de subsistência profundamente enraizados no território. A par dele, destaca-se a tenacidade das comunidades que, geração após geração, foram moldando esta paisagem excecional de socalcos, transformando encostas íngremes num sistema produtivo de extraordinária beleza e equilíbrio.

O percurso não esquece a figura do Visconde de Sistelo, responsável pela edificação da notável casa apalaçada que ainda hoje marca a fisionomia da aldeia, nem outros elementos patrimoniais de relevo, cuja implantação cuidada no território acrescenta excentricidade, carácter e encanto a este lugar singular.
Entre conversas soltas e silêncios partilhados, o caminhar transforma-se num verdadeiro bálsamo sensorial. A diversidade e exuberância da natureza — o verde intenso dos socalcos, o som da água, a luz que desenha volumes — envolve o visitante e convida à contemplação.

Este é, em suma, um dos roteiros que o We Want Green dedica à Paisagem Cultural de Sistelo: uma experiência que não se limita a observar, mas que propõe sentir, compreender e habitar um território onde cultura, natureza e tempo caminham juntos.